Não é um artigo focado em tecnologia ou de abordagem extremamente técnica para não ficar maçante, será para abordar todos esses conceitos de condução de trabalho para qualquer área, do Comercial a Logística, do RH ao Financeiro, e claro, minha querida área de Tecnologia.

Falaremos aqui nessa série sobre o que se ouve por aí de Ágil, Lean, Scrum, Kaban e os artefatos que envolvem essas formatações de condução de projetos e até de itens da nossa rotina de trabalho diária.

Acredite isso pode ser encaixado até para organizar suas demandas em casa, ou objetivos de carreira. Falaremos de tudo isso nas próximas semanas. A ideia é explicar de onde esses conceitos nasceram, o que são e onde se encaixam no dia a dia.

**Alerta de Spoiler**
Todas essas metodologias e conceitos, são completamente adaptáveis ao modelo de negócio da sua empresa, do seu setor, da sua rotina. Nada engessado que vira utopia termos isso próximo de nós.

Manifesto Ágil, de onde veio?

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Se você trabalha na área de gestão de projetos, já deve ter ouvido em Manifesto Ágil ou metodologia Ágil, mas será que realmente sabemos o que é?

Eu mesmo estudando e tendo algumas certificações em condução de projetos aprendi algumas coisas novas. Postarei no final de nossa serie o compilado sobre o tema.

A História de onde surgiu o manifesto Ágil é interessante, nos anos 2000, influentes da comunidade XP (Extreme Programming) se reuniram para discutir pontos de desenvolvimento, levantaram uma serie de questões. Como viram uma janela enorme de oportunidades sobre a condução de projetos, convocaram uma nova reunião para mais tarde (11 a 13 de fevereiro de 2001), onde foram chamadas 17 influentes pessoas de Tecnologia e condução de projetos. Essas pessoas encontraram as oportunidades e ali mesmo, redigiram o documento que mudou o setor. O Documento foi intitulado de Manifesto para o desenvolvimento Ágil de Software, conhecido como Manifesto Ágil, ou popularmente chamado de agile.

Nesse documento foram estipulados 4 valores e 12 princípios, inicialmente pensado para o setor de TI, mas como seus valores são bem abrangentes, o agile foi trazido para toda a empresa.

Manifesto Ágil, 1º valor!

Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas

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As pessoas são o pilar central do Manifesto Ágil, elas que fazem toda a roda girar para que dê certo o produto e a empresa, são elas que constroem o processo / sistema e precisam estar em primeiro lugar. Esse primeiro valor traz também como questão a comunicação sempre fundamental, “o problema do mundo não é a falta de amor, é a falta de comunicação” ao menos do mundo corporativo. Sistemas de software são construídos por pessoas e para fazer isso corretamente, todos precisam trabalhar juntos e haver boa comunicação entre todos.

Quantas vezes você prefere enviar um e-mail (preencher alguma ferramenta), a interagir com alguém envolvido na questão? Quantas vezes o sinalizaram um problema e priorizamos o preenchimento de um documento (processo) ou procuramos um culpado, a procurar uma ação imediata?

Ferramentas e processos são importantes, e precisam existir, para direcionar nosso dia-a-dia, o ponto aqui é que as ferramentas e processos, devem orientar e facilitar a vida das pessoas e das comunicações e não simplesmente as pessoas se adequarem a eles.

Esse valor mostra que pessoas precisam estar em primeiro lugar, frente a qualquer estratégia ou planejamento.

Manifesto Ágil, 2º valor!!

Software funcionando mais que documentação abrangente

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Priorizar o software funcionado, que seja pensando em uma boa usabilidade e autoexplicativo, fazendo com que ele mesmo seja uma parte da documentação. Ajuda você a não ter que fazer uma documentação que precise de milhares de páginas contra um sistema menor que esse tamanho.

A documentação definitivamente tem seu lugar e pode ser um ótimo recurso ou referência para usuários ou colegas de trabalho que estão se perguntando o que é o software é e/ou como ele funciona. Embora muitas vezes alguns projetos precisem da documentação antes mesmo de desenvolver o software. Esses momentos são frustrantes e, se a empresa é realmente ágil, ela precisa lembrar das prioridades das entregas.

Tirando isso de dentro de tecnologia, ao invés de se preocupar em pensar em todos os detalhes minuciosos de uma ação, crie uma maneira de chegar no objetivo / resultado, depois adapte o caminho, para ficar cada vez mais fácil.

Esse valor mostra que a entrega de resultados, que agrega valor ao negócio ou a rotina que se tem, deve ser priorizada frente a qualquer burocracia.

Manifesto Ágil, 3º valor!!

Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos

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Quando vemos esse valor, devemos pensar em cliente como nossos clientes internos e externos e os colaboradores da empresa!!!

Somos verdadeiramente ágeis? Temos esse 3º valor como premissa? confiamos nas pessoas e nas entregas de seus trabalhos?

A entrega por partes do desejo do cliente, alem de gerenciar a expectativa dele, ainda pode corrigir a rota dos desejos para uma entrega realmente importante para o negocio da empresa. Isso gera valor na entrega do seu trabalho, e muitas vezes reduz o escopo total.

Esse valor, também tem Intrínseco o valor ético que é a confiança, se você é gestor, confie em seus colaboradores, de a eles voto de confiança e chance de mostrar sua real capacidade, ate mesmo fora da zona de conforto deles. Esse valor cabe em qualquer área, e qualquer posição mesmo que você não trabalhe com essa metodologia, pense mais no cliente do que tenha burocracia.

Confiança e parceria é o sinônimo desse valor, sempre a espaço para colaboração mutua, se eu te ajudo, confio que se precisar você me ajude. O mundo mais do que somente o ágil precisa desse valor firmado em seu cotidiano.

Claro que papeis e contratos são fundamentais para a sociedade, não defendo que seja abolido, mas defendo que as relações sejam priorizadas antes das palavras em um papel.

Manifesto Ágil, 4º valor!!

Responder a mudanças mais que seguir um plano

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Esse valor tem que ser levado em conta em muitos aspectos, mas calma, não que não devemos ter planos para nosso projeto, pelo contrário, devemos temer projetos que não tenham, mas em desenvolvimento de software e em nossas vidas, uma das reais certezas que temos é que vai haver mudança.

Dizer que você entende o Ágil e não estar aberto a mudanças conceituais, até adaptações de certezas para se adequar ao cliente, te torna engessado e faz de você não mais um praticante da metodologia, lembrem esse é um valor do ágil e para dizer que você pratica, deve respeitar. Quais são seus valores?

Os negócios e formas de negociações mudam, a economia muda todo dia, e nosso cliente as vezes é mais veloz que tudo isso. O plano de projeto criado, deve ser flexível e prever e caber as mudanças necessárias, assim teremos a entrega de valor no final para nosso cliente, mais que entregar o que estava escrito no papel.

Em nossa caminhada pessoal e profissional deve ser levada nessa toada, devemos ter planos, sonhos e objetivos, mas ele deve ser revisto e adaptado a cada novo passo, assim sempre estará atual e próximo a ser conquistado, muito mais do que uma ideia original que já não faz mais sentido.

Manifesto Ágil, do 1º ao 12º princípios!!

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1º Princípio é o Valor – “Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente, através da entrega adiantada e contínua de software de valor.”

O principal objetivo das equipes ágeis não é entregar um produto final, mas entregar valor para ao cliente. Ou seja, entregar uma solução que traga os melhores resultados. Na prática, isso implica na priorização da satisfação do cliente pela entrega.

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2º Princípio é a Flexibilidade – “Aceitar mudanças de requisitos, mesmo no fim do desenvolvimento. Processos ágeis se adequam a mudanças, para que o cliente possa tirar vantagens competitivas.”

Processos ágeis se adéquam a mudanças, para que o cliente possa tirar vantagens competitivas, aceitando alterações de requisitos mesmo no fim do desenvolvimento. Em um mercado cada vez mais competitivo e complexo, é preciso realizar projetos de maneira flexível, para que possam sofrer alterações de acordo com suas necessidades.

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3º Princípio é a frequência – “Entregar software funcionando com frequência, na escala de semanas até meses, com preferência aos períodos mais curtos.”

Cruzamento entre os valores, são o que garante a veracidade da metodologia, para que o projeto seja flexível e tenha como prioridade a satisfação do cliente, ele deverá ser entregue por etapas e estará sujeita a validação assim, o produto final terá maior valor para o cliente.

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4º Princípio é a união – “Pessoas de negócio e desenvolvedores devem trabalhar diariamente em conjunto por todo o projeto.”

Não é à toa que um dos papéis mais importante de um time ágil é do Product Owner (PO), profissional responsável por ser um representante do cliente durante todo o processo de desenvolvimento. Falaremos mais desse cargo em um próximo artigo!!! Alem do PO temos o Líder técnico (Tech lead) que é o responsável pelo entendimento do desenvolvimento e pela entrega do backlog, juntos o time prepara a entrega faseada.

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5º Princípio é a motivação – “Construir projetos em torno de indivíduos motivados, dando a eles o ambiente e o suporte necessário e confiando neles para fazer o trabalho.”

É fundamental que a equipe do projeto tenha o espaço de trabalho adequado para trabalhar, com as orientações corretas e a aplicação das metodologias ágeis aderentes a condição da empresa, assim você terá uma equipe motivada a desempenhar seu papel.

Aqui fica aderente o papel do Scrum Master (SM), mais um cargo do Scrum que falaremos mais em um próximo artigo!!! O SM tem a função auxiliar o PO de retirar os impedimentos para a equipe trabalhar e manter a equipe motivada e dentro dos parâmetros do ágil.

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6º Princípio é a comunicação – “O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para e entre uma equipe de desenvolvimento é por meio de conversa face a face.”

A comunicação é essencial, mas não de forma burocrática em e-mails intermináveis, ou documentações extensas, reunião de planejamento é importante sim, mas planejando sprints de entregas a curto/médio prazo. Procure sempre se comunicar presencialmente, e documentar apenas tomadas de decisão, como forma de consulta caso duvidas.

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7º Princípio é a funcionalidade – “Software funcionando é a medida primária de progresso.”

Projetos desenvolvidos com base na metodologia ágil, prioriza software funcionando como marco de cada entrega, e não o final das atividades. Assim, conseguimos ir vendo as coisas acontecendo ao pouco, ao invés de atividades que as vezes nem são mais necessárias.

esse principio é o resultado para a união dos três primeiros princípios, valor, flexibilidade e frequência!!!

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8º Princípio é a sustentabilidade – “Os processos ágeis promovem desenvolvimento sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários devem ser capazes de manter um ritmo constante indefinidamente.”

Para um projeto vingar, ele tem que se sustentar, com todos os envolvidos no projetos dispostos a contribuir e manter o projeto, além de utilizar recursos no projeto que sejam possíveis de dar suporte e sustentação neles, pois cometer loucuras por conta da entrega é decretar que o projeto uma hora será abandonado.

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9º Princípio é a revisão – “Contínua atenção a excelência técnica e bom design aumenta a agilidade.”

A revisão em cada passo do processo, seja na parte técnica/funcional seja no design do produto, faz com que as mexidas sejam sempre alinhadas com o cliente e assim na entrega final, as mudanças sejam pequenas. Revisar do escopo a entrega garante qualidade de funcionamento e da entrega.

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10º Princípio é a simplicidade – “Simplicidade: a arte de maximizar a quantidade de trabalho não realizado é essencial.”

Menos é mais! Como os métodos ágeis dispensam boa parte de registros e outros documentos que comprometem o tempo da equipe, o trabalho se torna mais simples de ser executado. Sendo, portanto, concluído em menos tempo. Assim se garante o time to market do cliente. Alem disso, pequenas entregas agregando valor continuamente, muitas vezes faz com que a entrega final chegue antes, pois a necessidade do cliente ja foi suprida antes do final que ele imaginava.

11º Princípio é a organização – “As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de times auto-organizáveis.”

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Times ágeis são compostos por profissionais com a capacidade de se organizarem por si mesmos. Ou seja, dividirem as tarefas e responsabilidades entre eles, sem que um gerente de projetos tenha que interferir. Se formarmos um time auto-organizado e multidisciplinar, você pode chegar a ter um time de alta performance facilmente.

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12º Princípio é a autoavaliação – “Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como se tornar mais eficaz e então refina e ajusta seu comportamento de acordo.”

Na prática, esse princípio consiste na revisão do trabalho realizada que, ao final de cada sprint, permite que a própria equipe avalie sua performance e descubra formas mais interessantes de trabalhar e agilizar todo o processo.

Manifesto Ágil, o que é tudo isso afinal?

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O manifesto representou um grito de liberdade de práticas e metodologias que revolucionaram a industria de fabricação de sistemas, eliminando o processos burocrático, priorizando efetivas entregas de valor ao cliente.

A metodologia vem para fazer os profissionais de TI serem muito mais que tiradores de pedido, e sim parte pensante e verdadeiramente atuante no processo de criação do negocio e do produto. Precisávamos de uma metodologia que aprendesse com ela mesmo, só assim conseguimos adaptar as varias facetas necessárias para aderência em cada local onde é implantado, as conversas, assim como a organização, são fundamentais, pois o Manifesto Ágil abraça vários métodos que se sustentam em seus valores e princípios, métodos como Scrum, Kanban e XP trazem esse DNA, por isso são denominados ágeis.

Assim, essa contínua discussão ajuda a criar um norte para que os desenvolvedores de softwares saibam escolher os melhores métodos ou ferramentas para trabalhar e poder construir algo realmente eficiente (entregando de maneira evolutiva o produto e ir experimentando ele a cada nova implementação) e eficaz (entregar algo que realmente seja de utilizado pelo cliente, pois é sim a real necessidade dele).

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Texto redigido por mim: Eduardo Silveira

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